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Com 1 policial para cada 3 escolas do DF, batalhão defende ação preventiva

02/03/2015 - 06:01h

Policiais do Batalhão Escolar durante evento voltado a crianças da Escola Classe 40 do Sol Nascente, no Distrito Federal (Foto: Polícia Militar/Divulgação)
Policiais do Batalhão Escolar em evento no Sol
Nascente, no DF (Foto: Polícia Militar/Divulgação)

Dados da Polícia Militar apontam que o Distrito Federal tem um membro no Batalhão Escolar para cada instituição de ensino. Os 434 homens são responsáveis por prestar socorro em casos de crime, realizar blitze e promover atividades junto à comunidade " como palestras sobre cyberbullying e violência doméstica " à comunidade dos 1.190 colégios públicos e particulares. Tanto o comandante do órgão quanto o Secretário de Educação afirmam que o efetivo não é o ideal, mas reconhecem o esforço para prestação do serviço e defendem posturas preventivas.

De acordo com o órgão, as ocorrências mais comuns são de uso e porte de drogas (32%), roubo (22%) e ameaças (11%). Quase 70% dos crimes acontecem fora da escola, geralmente perto dos horários de entrada e saída dos alunos.

O ex-estudante do Centro de Ensino Médio 10 de Ceilândia Vitor Henrique Ferreira da Costa, de 17 anos, conta que os assaltos se tornaram frequentes ao redor da instituição no final de 2014. O jovem diz que chegou a ficar em casa por medo de ser roubado. Ele foi vítima do crime uma vez e, em uma segunda ocasião, conseguiu fugir.

"Eu estava de manhã, e isso acontecia à luz do dia. Prejudicava muito, porque às vezes eu não queria ir para escola. Eu tinha medo de ser assaltado porque não tinha horário, podia ser na entrada ou na saída. Muitas vezes eu faltava", lembra.

Não adianta só a PM, todo mundo tem que participar. Precisamos dos pais. Muitas vezes eles ficam surpresos quando tem operação e veem que o filho leva arma, droga [para a escola]. Nem eles mesmos andam sabendo, o que significa que estão participando pouco da vida dos filhos"

Júlio César Lima de Oliveira,
comandante do Batalhão Escolar

O secretário de Educação, Júlio Gregório, disse considerar o quantitativo de PMs no Batalhão Escolar "uma preocupação", mas destacou o empenho dos profissionais para cobrir todas as unidades de ensino. As equipes ficam baseadas em 16 escolas, de onde são acionadas quando existe uma ocorrência.

"Não é a situação ideal, é muito longe, aliás, mas é o que enfrentamos hoje", declarou o gestor. "Furto e roubo são um dos nossos problemas, tanto dentro quanto fora das escolas, assim como desentendimentos entre os meninos."

Comandante do Batalhão Escolar, o tenente-coronel Júlio César Lima de Oliveira defende que os estudantes adotem posturas "preventivas" para evitar. Entre os cuidados recomendados estão sair da escola em grupo e evitar mexer em celulares e tablets enquanto caminham pelos arredores das instituições.

Organização
O efetivo do Batalhão Escolar é dividido em quatro áreas: Metropolitana, Leste, Oeste e Sul. A primeira abarca o Plano Piloto, Guará, Cruzeiro, Lago Sul, Sudoeste, parte do Park Way, SIA e Estrutural. Na segunda estão Paranoá, Sobradinho, Planaltina, São Sebastião, Itapoã, Jardim Botânico, Lago Norte e Varjão. A terceira é composta por Taguatinga, Brazlândia, Ceilândia, Samambaia, Águas Claras e Vicente Pires. A quarta, Gama, Núcleo Bandeirante, Santa Maria, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Candangolândia e o restante do Park Way.

Cada macrorregião conta com quatro escolas polo, onde estão baseados viaturas, motos e um sargento gestor. As unidades foram escolhidas, de acordo com o comandante do batalhão, por terem apresentado no passado um histórico de indisciplina, tráfico e furtos.

"Para lá nós destinados o efetivo e a partir delas é que temos o patrulhamento", explica Oliveira. "Quando ocorre alguma coisa nas outras escolas, o contato é feito com essa polo e então a equipe é enviada."

Endereços e contato das escolas polo do Batalhão Escolar do Distrito Federal (Foto: Polícia Militar/Reprodução)
Endereços e contato das escolas polo do Batalhão Escolar do Distrito Federal (Foto: Polícia Militar/Reprodução)

As equipes promovem também operações preventivas e de conscientização. Foram 895 no ano passado, incluindo varreduras, blitze escolar e bloqueios. Além disso, o batalhão promove 80 palestras mensalmente. Entre os temas mais comuns são atuação da família, boa convivência escolar, bullying, prevenção às drogas e pedofilia.

"O número de policiais não é o ideal, realmente. Se tivesse mais, seria ótimo. Mas eu acredito que temos feito um trabalho de excelente nível. Com os polos e palestras, temos conseguido nos inserir nas escolas. Só que não adianta só a PM, todo mundo tem que participar. Precisamos dos pais. Muitas vezes eles ficam surpresos quando tem operação e veem que o filho leva arma, droga [para a escola]. Nem eles mesmos andam sabendo, o que significa que estão participando pouco da vida dos filhos", diz o tenente-coronel.

Atividades
Primeira unidade especializada em segurança pública na rede de ensino, o Batalhão Escolar surgiu em 1989 depois de uma menina ser morta dentro de uma escola do Gama. A ideia era promover o policiamento ostensivo.

Segundo com o comandante, Júlio César Lima de Oliveira, o órgão já contou com quase 1,2 mil homens. Paralelamente à redução do efetivo, o número de escolas diminuiu e a quantidade de atividades executadas aumentou.

No final do ano, o batalhão promoveu um concurso de redação em uma escola de ensino fundamental do Sol Nascente. As crianças tiveram de escrever sobre o policial que queriam, e os três melhores textos ganharam uma bolsa para estudar inglês.

"Vimos que o que eles mais queriam eram policiais mais corteses. Muitos ali são filhos de ex-detentos, e a ideia que fazem do PM não é a melhor. A gente percebe que precisa ficar mais perto", afirma.

Oliveira disse ainda que os PMs têm feito treinamentos em outros de estados. Além disso, fazem cursos junto com diretores e coordenadores regionais. "Todo mundo tem que pôr um tijolinho para fazer a Educação e formar o cidadão de bem."

Trecho de análise feita pelo Tribunal de Contas do DF (Foto: Tribunal de Contas/Divulgação)
Trecho de análise feita pelo Tribunal de Contas do DF (Foto: Tribunal de Contas/Divulgação)

Condições das escolas
As aulas na rede pública de ensino serão retomadas nesta segunda, depois de uma semana de paralisação e duas de adiamento do calendário escolar. Os Professores entraram em greve na semana passada em protesto contra o atraso no pagamento do 13º salário e de bônus de férias.

No início do ano, o GDF havia anunciado o adiamento do início das aulas em duas semanas para melhorias em escolas. Apesar disso, quase 43% das escolas do Distrito Federal devem iniciar o ano letivo nesta segunda-feira com necessidade de reparos.

De acordo com o secretário de Educação, Júlio Gregório, 87 delas já estão com as obras em andamento e outras 77 têm necessidades simples, podendo ser atendidas ao longo do ano sem prejudicar os estudantes. A mais comum é pintura.



Fonte: G1


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