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DF dá início ao ano letivo com 14 dias de atraso e professores paralisados

23/02/2015 - 04:01h

Com duas semanas de atraso em relação ao cronograma inicial e marcada por uma paralisação de professores, as aulas na rede pública do Distrito Federal começam nesta segunda-feira (23). São 470.324 estudantes, distribuídos em 657 escolas. Dessas, 43% ainda precisam de reparos, que devem ocorrer ao longo do ano.

De acordo com o secretário de Educação, Júlio Gregório, as instituições não foram contempladas na força-tarefa que reformou outras 172 unidades de ensino ao longo das férias porque necessitam de ações simples, como pintura. A pasta priorizou os estabelecimentos que apresentavam problemas hidráulicos, elétricos, de esgotamento sanitário e em telhados. O início do ano letivo foi adiado para a realização das obras.

A mudança no calendário, somada aos atrasos no 13º salário e no abono das férias, causou insatisfação entre os Professores. A categoria disse que a alteração foi arbitrária e trouxe prejuízos a estudantes e funcionários da área. Com a medida, as aulas passam a terminar em 29 de dezembro e o recesso de meio de ano, que coincide com o período de seca, fica encurtado.

"Há uma insatisfação com tudo isso. Não são só as pendências financeiras", declarou a diretora do Sindicato dos Professores Rosilene Correa. "Algumas outras medidas do governo, como a redução do número de coordenadores pedagógicos e o fato de nem todas as escolas passarem por reforma, apesar do adiamento, também trouxeram esse sentimento."

Há uma insatisfação com tudo isso. Não são só as pendências financeiras. Algumas outras medidas do governo, como a redução do número de coordenadores pedagógicos e o fato de nem todas as escolas passarem por reforma, apesar do adiamento, também trouxeram esse sentimento"

Rosilene Correa,
diretora do Sindicato dos Professores

Os Docentes se reúnem às 10h na Praça do Buriti, em frente à sede do Executivo, para discutir a possibilidade de greve. Em coletiva no sábado, o governador Rodrigo Rollemberg reafirmou que repassou a primeira parcela dos benefícios atrasados pela gestão anterior e que espera que a situação se normalize nos próximos dias.

Apesar do posicionamento da categoria, o secretário diz estar confiante na retomada das aulas. Quero dizer aos pais, aos estudantes, adolescentes, adultos, que devem se dirigir às escolas na segunda-feira porque tenho certeza que muitas escolas estarão funcionando, muitos professores [estarão] trabalhando e recebendo os alunos para iniciar o ano letivo, declarou Gregório na mesma ocasião.

O DF tem 27 mil professores na rede pública, incluindo os 3,5 mil contratados temporariamente para cobrir as carências no início deste ano. A estimativa é que outros 3 mil precisem ser chamados ao longo de 2015 para suprir déficits com futuras licenças.

Outros problemas
Os cerca de 125 mil beneficiados pelo cartão material escolar ainda não receberam o benefício. O G1 procurou o Banco de Brasília para saber se já há previsão, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

O valor é de R$ 80, um terço dos R$ 242 oferecidos em 2014. De acordo com o secretário, a quantia é suficiente para a compra dos materiais básicos e foi definida após consulta feita junto às papelarias. A média foi de R$ 79,28.

Já está tudo equacionado em termos financeiros, mas o BRB precisa de um tempo para fazer. Vai demorar um pouquinho, infelizmente. O aluno pode ficar sem caderno no primeiro mês de aula, mas depois poderá fazer a compra e transferir a matéria para o caderno. Não é uma situação boa, não é uma situação desejável, mas é o que estamos vivendo"

Júlio Gregório,
secretário de Educação

A lista recomendada pela pasta inclui cadernos, canetas esferográficas, lápis de cor e de cera, cartolina, pote de massa de modelar, papel pardo e instrumentos de desenho (compasso, transferidor e esquadro). Materiais como tênis, mochila, estojo, lancheira e outros objetos auxiliares não estão na relação de uso previsto do cartão.

De acordo com Gregório, haverá "tolerância" com os estudantes que estiverem sem os itens no início do ano letivo. "Já está tudo equacionado em termos financeiros, mas o BRB precisa de um tempo para fazer. Vai demorar um pouquinho, infelizmente. O aluno pode ficar sem caderno no primeiro mês de aula, mas depois poderá fazer a compra e transferir a matéria para o caderno. Não é uma situação boa, não é uma situação desejável, mas é o que estamos vivendo."

Além disso, 24.250 crianças permanecerão em casa por falta de vagas em creches. A Secretaria de Educação reconhece o déficit na oferta, mas os planos se restringem a estender atendimento a apenas pouco mais de 50% da demanda nos próximos anos, com a construção de novas instituições e parcerias com instituições filantrópicas.

A curto prazo, a ideia é inaugurar nove unidades em março, terminar 25 obras até o final de 2015 e fechar convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação para construção de mais 51 estabelecimentos. Somando-se a novos acordos com creches conveniadas, devem ser abertas mais 12,5 mil vagas.

Outra preocupação é com segurança. Dados da Polícia Militar apontam que o Distrito Federal tem um membro no Batalhão Escolar para cada instituição de ensino. Os 434 homens são responsáveis por prestar socorro em casos de crime, realizar blitze e promover atividades junto à comunidade como palestras sobre cyberbullying e violência doméstica  à comunidade dos 1.190 colégios públicos e particulares.

Tanto o comandante do órgão quanto Gregório afirmam que o efetivo não é o ideal, mas reconhecem o esforço para prestação do serviço. De acordo com o órgão, as ocorrências mais comuns são de uso e porte de drogas (32%), roubo (22%) e ameaças (11%). Quase 70% dos crimes acontecem fora da escola, geralmente perto dos horários de entrada e saída dos alunos.



Fonte: G1


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