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Falta incentivo para a formação continuada de professores, diz estudo

07/07/2014 - 18:01h

Embora já tenha sido comprovado que a formação continuada dos Professores é essencial para a melhora do aprendizado dos alunos, ainda há pouco incentivo para que os Docentes façam cursos de pós-graduação ou de capacitação no Brasil, segundo uma pesquisa elaborada pelo Instituto Ayrton Senna (IAS) e divulgada na tarde desta segunda-feira (7). Ela Ela mostra que, além da falta de estímulo, entre os entraves para a qualificação dos professores brasileiros está a falta de tempo disponível para os estudos, a falta de cursos que tenham aplicação nas aulas e a alta rotatividade dos professores nas escolas.

O estudo do IAS foi feito em parceria com a consultora Boston Consulting Group (BCG), e ouviu mais de 2.700 professores, diretores, coordenadores pedagógicos e supervisores de ensino de todas as partes do Brasil. Quase todos os participantes da pesquisa trabalham nas redes municipais ou estaduais de ensino, e 85% deles atuam no ensino fundamental o médio.

A grande maioria dos professores ouvidos têm diploma da graduação, e 60% já fizeram algum tipo de especialização. Apesar disso, eles apontaram seis obstáculos para que o Brasil supere a necessidade de melhorar a capacitação dos docentes: "carência de incentivos formais, escassez de tempo por parte dos professores, lacunas e baixa aplicabilidade do conteúdo das ações oferecidas, preferência por ações de curto prazo e de alta visibilidade, falta de alinhamento das ações de formação continuada com os planos de carreira e desenvolvimento profissional dos professores e alta rotatividade do corpo Docente".

Falta de incentivo
Além de ouvir os profissionais da educação, o estudo do IAS reuniu dados de outras pesquisas divulgadas dentro e fora do Brasil, inclusive a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), com seus resultados de 2008. Segundo as informações sobre cursos de formação continuada, os professores brasileiros recebem incentivo financeiro e de tempo abaixo da média dos 24 países participantes da pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

"Os docentes do Brasil, geralmente, arcam com mais custos de formação continuada e têm, em média, menos tempo reservado para capacitação", diz o estudo. Segundo os dados, 20% dos professores entrevistados disseram ter pago 100% do valor dos cursos que fizeram, um índice cerca de duas vezes maior que a média dos países da pesquisa Talis.

Além disso, menos professores brasileiros disseram que fizeram cursos pagos pelos governos, e que tiveram tempo livre para se dedicar a eles, do que a média Talis.

A alta rotatividade também preocupa os professores e especialistas. De acordo com o estudo, o grande número de docentes temporários e a falta de estabilidade afeta a dedicação à formação continuada. Segundo dados da Prova Brasil 2011, 29% dos professores entrevistados disseram que trabalhavam em sua escola atual havia menos de dois anos; 46% dos participantes disseram que tinham pelo menos 15 anos de carreira, mas só 14% dos entrevistados tinham mais de 15 anos de trabalho na mesma escola.

Estudo mostra que alta rotatividade na escola compromete formação continuada de professores (Foto: Reprodução/Instituto Ayrton Senna)
Estudo mostra que alta rotatividade na escola compromete formação continuada de professores
(Foto: Reprodução/Instituto Ayrton Senna)

Diagnóstico
A pesquisa também entrevistou especialistas em políticas educacionais e fez um diagnóstico sobre a oferta de cursos de formação de docentes no Brasil. "Os cursos do Ministério Da Educação possui hoje 11 programas diferentes de formação de professores: há opções para quem atua na educação infantil, no fundamental e no ensino médio e para docentes que trabalham especificamente com crianças em idade de alfabetização ou que lecionem em áreas específicas, como matemática, ciências sociais, artes e educação física.

Outras opções de cursos são os que incentivam o uso de tecnologia na sala de aula e os de formação para a prevenção ao uso de drogas e orientações sobre sexualidade.

No total, segundo o mapeamento, os cursos já foram feitos por mais de um milhão de professores brasileiros. Mas nem todos os programas possuem dados detalhados sobre o número de docentes formados e os atualmente matriculados nas capacitações.

Já os três programas oferecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) têm previsão de formar até 23 mil professores até 2015. Um dos programas enviou 2.119 professores para cursos no exterior entre 2010 e 2013.

Um dos problemas apontados para a produtividade resultante dessas formações, porém, é a falta de uma "base nacional comum" na área. O Professor José Francisco Soares, atualmente no cargo de presidente do Instituto Nacional De Estudos E Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), afirmou, em Entrevista publicada no estudo, que a não definição dessa base "causa problemas na formação de professores, no ensino dos alunos da educação básica e na avaliação deles".



Fonte: G1


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