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Monitoramento de notas para apurar possível uso de álcool divide opiniões

16/09/2015 - 14:01h

Lucas do Carmo acredita que medida é positiva (Foto: Paola Patriarca/G1)
Lucas do Carmo acredita que medida é positiva
(Foto: Paola Patriarca/G1)

A nova medida de monitoramento da vida escolar dos estudantes, anunciada pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) para identificar queda de desempenho relacionadas ao consumo de álcool ou drogas, tem dividido opiniões entre universitários do campus de Bauru (SP). 

O monitoramento deve ser feito pelos coordenadores dos cursos no próximo semestre, segundo o diretor da Faculdade de Artes e Comunicações (FAAC), em Bauru, Nilson Ghirardello. Em Entrevista ao G1, ele disse que a medida foi proposta depois de um estudo do grupo de trabalho de prevenção da violência, montado para apurar o caso do estudante que morreu por ingestão excessiva de álcool em uma festa em Bauru, apontou que ele apresentou queda de desempenho.

Para Lucas do Carmo, que cursa Rádio e TV, a medida é uma boa maneira para acompanhar a rotina dos alunos. “De certa forma a frequência nas festas  afeta o rendimento. Eu vejo por mim. Muitas vezes cheguei a ir direto da festa para a aula e acabei não prestando muita atenção na aula. Eu acho que a medida é um jeito de controlar os alunos. Claro que, acredito que é inviável controlar todos os universitários, mas aqueles que apresentarem uma queda bem expressiva vai ser possível sim. Com isso, aumenta a conscientização e a conversa com a universidade”, afirma.

Alexsandro Vasconcelos Stenico também enxerga a medida como algo positivo. “Eu acho muito importante esse controle, porque é uma mudança muito radical que temos quando chegamos no mundo acadêmico. Não temos noção da nossa nova rotina. Se tivermos o apoio da universidade, vai ser ótimo. Na minha opinião, os alunos devem saber conciliar festas e estudos da melhor forma e isso é importante que seja discutido na universidade”, diz o estudante de Rádio e TV.

Marina Furlan Carnio também concorda com a medida, mas ressalta que a queda de desempenho pode ser relacionada com outros problemas.

“Dependendo da maneira como eles irão realizar o controle, será positivo. Mas, a minha observação é que a queda no desempenho não é necessariamente porque a pessoa está envolvida com álcool ou drogas. Pode ser um problema familiar, por exemplo. Tem gente que consegue conciliar festa e estudo, mas tem gente que não. Eu acho muito importante esse assunto ser discutido", acredita Marina.

 Alexsandro Vasconcelos e Marina Furlan concordam com a medida (Foto: Paola Patriarca/G1)
Alexsandro Vasconcelos e Marina Furlan concordam
com a medida (Foto: Paola Patriarca/G1)

Não faz sentido’
Já para outros universitários, o controle não fará efeito na universidade e o que precisa é uma discussão mais ampla na universidade. “Não faz sentido a faculdade controlar nossa vida privada. Eu acredito que o desempenho das notas não está relacionado com a frequência nas festas e álcool. Esse controle não vai solucionar problemas que poderiam ser resolvidos com uma discussão e outras medidas”, afirma Raquel Romano, estudante de Design.

“Eu acho que não tem nada a ver e acredito que é uma medida que a universidade vai tomar para mostrar algum tipo de serviço em relação ao último caso que teve. É mais uma imagem social do que uma preocupação", ressalta Renan Pereira Estivan, também estudante de Design.

Segundo Renan, é necessário uma maior mobilização. "Estou no quarto ano e nunca vi uma medida da faculdade em mostrar conscientização. Na época que aconteceu o fato do Humberto, teve mobilização. Mas, tem que ter mais e ser além do que controlar as notas. Tem que colocar em discussão a cultura do álcool”, afirma Renan

A universitária Naiady Fernanda as Silva Vanderleis também  acredita que será difícil controlar as notas de todos os universitários. "Eu acho que não tem nada a ver. Conheço muita gente que tem rendimento bom e que frequenta festas. O que precisa é de maior conscientização", alega.

Entenda o caso
A Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) anunciou que vai monitorar a vida escolar dos estudantes para tentar identificar o uso de consumo de álcool ou drogas a partir da queda de desempenho da nota. A medida foi proposta depois de um estudo do grupo de trabalho de prevenção da violência, montado para apurar o caso do estudante que morreu por ingestão excessiva de álcool em uma festa em Bauru (SP), apontou que ele apresentou queda de desempenho.

O estudante de engenharia da Unesp Humberto Moura Fonseca participava de uma festa no dia 28 de fevereiro com competições envolvendo bebidas aolcoólicas. Outros três estudantes tiveram que ser internados após sofrerem coma alcoólico. O jovem sofreu um infarto após beber mais de 25 doses de vodca em uma dessas competições.

Raquel Romano, estudante de Design, é contra a medida (Foto: Paola Patriarca/G1)
Raquel Romano, estudante de Design, é contra o contrle de notas (Foto: Paola Patriarca/G1)

Fonte: G1


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