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O Brasil precisa de um Plano Real para a educação

22/01/2014 - 13:45h

O investimento no ensino básico é essencial para o País dar um novo salto de desenvolvimento econômico (Por Ralphe Manzoni Jr.)

por Ralphe Manzoni Jr.

O Plano Real foi a base da estabilização econômica brasileira. Com um truque simples, conhecido pela sigla URV, que indexava os preços, a equipe econômica comandada pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, conseguiu acabar com a hiperinflação. Os resultados dessa política foram inúmeros. Com uma moeda estável, as empresas puderam planejar em longo prazo. Além disso, uma década depois, no governo do presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, o aumento do crédito e da renda da população brasileira criou um ciclo virtuoso que beneficiou, principalmente, as classes menos favorecidas. 

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Passadas duas décadas, no entanto, a batalha da estabilização econômica não terminou. Mas é preciso estabelecer novas prioridades para que os avanços conquistados até agora sejam perenes. Muito se fala sobre investimentos em infraestrutura. É fato que são necessários e importantes. Nada, porém, é mais essencial do que dar um salto no ensino. Chegou a hora de criar um novo Plano Real para a educação. Nos últimos 20 anos, sob pelo menos um dos ângulos, há algo a comemorar na educação brasileira. O número de analfabetos caiu quase 50%. Em 1992, o contingente dos que não sabiam ler nem escrever era de 17,2%. Em 2012, de 8,7%.

Os estudantes matriculados no ensino superior atingiram a marca de sete milhões de alunos no ano passado. Trata-se de um crescimento de quase cinco vezes em relação ao contingente de Universitários existente às vésperas do Plano Real. A qualidade, no entanto, deixa a desejar. Em uma pesquisa realizada pelo grupo britânico Pearson em 40 países, o Brasil ficou em penúltimo lugar nessa área. Está à frente apenas da Indonésia. Se fosse uma Copa do Mundo, a seleção canarinho não passaria das eliminatórias. Levantamento tabulado pelo Instituto de Pesquisas do Ministério Da Educação traz dados ainda mais chocantes: 55% dos Professores do ensino médio da rede pública brasileira não têm formação específica na área em que atuam. 

Exemplos a serem seguidos para acabar com essa tragédia brasileira não faltam. Da Coreia do Sul à Finlândia, o primeiro da lista da pesquisa da Pearson. O que os dois países fizeram em comum? Ambos investiram pesadamente em educação básica. Cuidaram primeiro da qualidade da base e só depois garantiram um ensino superior de qualidade. Não fizeram isso construindo prédios ou comprando computadores e tablets. Gastaram os recursos na capacitação e formação de professores. Não custa lembrar: o ensino é gratuito para todos, do filho do mecânico ao das mais graduadas autoridades. 

Na década de 1960, Brasil e Coreia do Sul eram países que competiam em desigualdade. O contingente de analfabetos de ambos era superior a 30%. Em cinco décadas, os asiáticos eliminaram o analfabetismo e contam com 80% dos jovens nas Universidades. A renda per capita de um coreano, que era metade da do Brasil há 50 anos, é três vezes maior atualmente. A boa notícia é que recursos para fazer essa mudança, ao que tudo indica, não faltarão. Afinal, os royalties do pré-sal serão destinados à educação. Em 20 anos, o Brasil venceu a hiperinflação, melhorou a distribuição de renda, reduziu o desemprego e observou mais de 40 milhões de pessoas ascenderem socialmente, tornando-se cidadãos e consumidores. Não é pouco, mas ainda não é suficiente. 


Fonte: istoedinheiro.com.br


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