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Suspeitos de fazer vestibular e passar as respostas por SMS são procurados

19/01/2015 - 16:01h

Celulares usados por candidatos de medicina para receber as respostas em vestibular da Unifae em São João da Boa Vista (Foto: Eder Ribeiro/ EPTV)
Celulares usados por candidatos para receber as respostas em Vestibular (Foto: Eder Ribeiro/ EPTV)

A Polícia Civil de São João da Boa Vista (SP) procura os suspeitos de fazer a prova do vestibular de medicina do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (Unifae) e passar as respostas pelo celular para 11 candidatos que foram presos no domingo (18). O delegado seccional Sebastião Antonio Mayriques acredita que pelo menos outras 13 pessoas estejam envolvidas na fraude, entre beneficiados e a quadrilha especializada. Os candidatos pagariam até R$ 100 mil caso fossem aprovados, segundo a polícia.

Delegado seccional Sebastião Antonio Mayriques (Foto: Eder Ribeiro/ EPTV)
o delegado seccional Sebastião Antonio
Mayriques (Foto: Eder Ribeiro/ EPTV)

A polícia descobriu a fraude quatro dias antes do exame e, segundo o delegado, a quadrilha é especializada em fraudar vestibulares de medicina no Brasil. Os candidatos pagavam até R$ 10 mil para o acesso ao gabarito e, se fossem aprovados, o valor poderia variar de R$ 35 a R$ 100 mil, segundo a polícia.

O principal elemento é o conhecido por piloto. Ele é encarregado de receber a prova, responder as questões e preencher o gabarito. Ele sai, vai para um lugar combinado, entrega o gabarito para outro elemento da quadrilha, que é encarregado de colocar as respostas no celular e disparar para os candidatos que fazem parte do esquema, disse.

Para terem acesso às respostas nos celulares, os candidatos pediam para ir ao banheiro, e foi nesse momento que os policiais fizeram a abordagem. Os aparelhos usados pelos candidatos foram apreendidos e serão analisados pela perícia. "Como o número de pessoas é muito grande, você não tem condições de fazer uma revista minuciosa. Se o detector de metal apita, o aluno fala que tem uma placa de titânio no braço, é um botão de metal que está na blusa, afirmou o delegado.

Candidatos presos e outros envolvidos
Os presos, nove mulheres e dois homens, todos com idades entre 25 e 35 anos, pretendiam entrar no curso de medicina, que oferece 60 vagas e tem mensalidades de R$ 6.380. Eles são de seis cidades paulistas, um de Goiás e outro da Bahia.

A fiança foi estipulada em R$ 42 mil para cada suspeito, mas até a publicação nenhum deles fez o pagamento. Caso sejam condenados por decisão judicial, eles poderão ficar presos por até quatro anos por fraude de certame de interesse público.

A polícia procura a pessoa que fez a prova, a que passou as respostas e de outros candidatos que também teriam se beneficiado do esquema. Umas 12 ou 13 pessoas. Nós vamos checar se elas realmente prestaram o vestibular. O que passou as mensagens nós vamos trabalhar para identificar. Já com relação aquele que fez a prova e passou é uma investigação mais difícil. A possibilidade da gente identificar não é muito grande, explicou.

Universidade e Vunesp colaboraram com a investigação (Foto: Reprodução/EPTV)
Universidade colaborou com as ações da polícia em
São João da Boa Vista  (Foto: Reprodução/EPTV)

Vestibular mantido
O reitor da Unifae, Francisco Arten, explicou que a Fundação Vunesp organizou todo o vestibular, desde a elaboração dos testes até a parte da segurança. Segundo ele, no dia da prova ninguém do centro universitário entrou nas salas. Mesmo assim, dias antes, o reitor procurou a policia. Você começa a perceber pelo número de telefonemas, pelas perguntas que te fazem, pelas pessoas que ficam rondando as proximidades. Foram esses indícios que levaram a Unifae a entender que havia alguma coisa de estranho em curso, explicou.

A Unifae também afirmou que não há possibilidade de anulação da prova por conta do episódio. Como foi uma tentativa de fraude detectada e 11 pessoas foram presas, não há motivo para cancelamento do vestibular, segundo informações que a Vunesp nos passou hoje pela manhã, explicou Arten.

Histórico
Não é o primeiro caso do gênero na região. Em 2012, o Centro Universitário de Araraquara (Uniara) confirmou que o vestibular para o curso de medicina, ocorrido em outubro de 2011, registrou quatro tentativas de fraude por meio de informações passadas por ponto eletrônico.

No fim do mesmo ano, a instituição adotou medidas para evitar situações semelhantes, mas, em julho de 2013, mais de 10 estudantes foram flagrados usando ponto eletrônico.



Fonte: G1


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