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'Venci', diz 1ª estudante com síndrome de down aprovada na Ufac

24/03/2015 - 17:01h

Raysa Braga, de 22 anos, é a primeira estudande com síndrome de down da Ufac (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Raysa Braga, de 22 anos, é a primeira estudande com síndrome de down da Ufac (Foto: Caio Fulgêncio/G1)

A atleta acreana Raysa Braga, de 22 anos, está acostumada a vencer desafios. Nadadora desde os 7 anos, já acumula 36 medalhas em diversas competições dentro e fora do estado. Agora, conquistou mais um. É a primeira estudante com síndrome de down da Universidade Federal do Acre (Ufac). Ela começou a cursar, esta semana, licenciatura em educação física, em Rio Branco.

Raysa lembra que sempre quis estudar na mesma Faculdade que a mãe. "Meu pai e eu sempre dizíamos que eu estaria aqui dentro. Estudei bastante e, pelo meu esforço, venci. Sempre soube que queria fazer faculdade e, quando passei, fiquei ansiosa. Garanto a minha vitória também na universidade", afirma.

A escolha do curso veio, não somente pelo amor à natação, mas por causa de outras modalidades também, como vôlei e basquete, os preferidos na época da escola. Com a graduação, Raysa diz que pretende ajudar pessoas carentes. Ela também já almeja um segundo curso, o de música.

"Meu sonho é me formar em educação física e vou ajudar pessoas carentes. Gosto muito de criança e pretendo cuidar delas. E vou conseguir. Também quero deixar meu pai orgulhoso de mim, porque ele é meu rei. Agradeço por tudo o que ele fez pela minha família", acrescenta.

Pai da acreana, Francisco Moura diz que se sente orgulhoso pela conquista da filha (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Pai da acreana, Francisco Moura diz que se sente
orgulhoso pela conquista da filha
(Foto: Caio Fulgêncio/G1)

O pai de Raysa, o funcionário público Francisco Moura, de 49 anos, não esconde a felicidade. Segundo ele, foram muitas as dificuldades que a família enfrentou ao descobrirque a filha tinha síndrome de down, mas nada se compara ao orgulho de vê-la começando uma faculdade.

"É uma emoção grande. Lá atrás, na hora que ela nasceu e nos deparamos com a síndrome de down, jamais imaginamos que, hoje, ela pudesse estar na faculdade. Sinto muito orgulho, não tenho palavras para descrever. Só quem já sentiu essa emoção sabe como é", diz Francisco.

Para o futuro, o desejo de Francisco é como o da maioria dos pais. "Sonho que Raysa consiga se formar, trabalhar e viver com a renda do próprio esforço. Espero que as portas se abram e ela alcance todos os objetivos. Incentivo outras famílias com filhos nessas condições que se voltem para ajudá-los. É muito gratificante ver o filho se realizando, a gente se sente vitorioso", acrescenta.

Raysa Braga durante programação em comemoração ao início das aulas na Ufac (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Raysa Braga durante programação em comemoração ao início das aulas na Ufac (Foto: Caio Fulgêncio/G1)

Para as aulas, de acordo com Ingrath Nunes, do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) da Ufac, Raysa deve receber todo o apoio do setor no decorrer das aulas, inclusive com a presença de monitores para qualquer auxílio. "A universidade dá todo suporte e apoio para o aluno ser incluído em sala de aula. Nós disponibilizamos também monitorias. A Raysa vai ter a sua independência e começar a caminhar com as próprias pernas", fala.

Acreana nada desde os 7 anos e coleciona 36 medalhas em competições dentro e fora do estado (Foto: Arquivo pessoal)
Acreana nada desde os 7 anos e coleciona
36 medalhas em competições dentro e fora do
estado (Foto: Arquivo pessoal)

Natação
Raysa pratica natação desde os 7 anos de idade e já possui 36 medalhas em várias competições. O amor pelo esporte veio ainda na infância, conta o pai. Nas visitas a clubes, desde muito pequena, ele percebia o interesse da filha pela água. Por isso, resolveu inscrevê-la para ter aulas.

"Frenquentávamos clubes e ela gostava muito da água, mas tínhamos receio. Ela ficava muito ansiosa para entrar na piscina. Então, buscamos aulas de natação mais qualificadas, mas nunca imaginamos que ela iria adquirir a técnica e capacidade de nadar tão bem", diz Francisco.

Segundo o pai, nos anos de 2009, 2010 e 2011, Rayssa participou das Paralimpíadas Escolares, em São Paulo e Brasília. Em 2013, competiu no Circuito Caixa, em Uberlândia. Para Raysa, a natação representa, sobretudo, liberdade. "Nadar representa um pouco da minha liberdade", finaliza.



Fonte: G1


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