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Vice-diretor afastado vendeu diploma de escola no Rio, diz nova denúncia

23/10/2015 - 12:01h

O vice-diretor Ezequiel Nascimento da Silva, da Escola Estadual Santo Antônio, em Santo Antônio de Posse (SP), que foi afastado do cargo e está sendo investigado por venda de diplomas universitários falsos, também negociava certificados de ensino médio. Um homem que comprou um desses diplomas contou à EPTV, afiliada da TV Globo, como fez a negociação com Silva. Desta vez, a instituição usada para certificar o documento fica na cidade de Nova Iguaçu, no RJ.

A nova denúncia foi exibida com exclusividade pela EPTV nesta sexta-feira (23). Abordado pela EPTV após uma solicitação falsa de diploma universitário, Ezequiel Silva negou envolvimento na fraude. Mas, o homem que comprou um diploma, e não quis ter a identidade revelada, descobriu, durante a negociação com o vice-diretor no ano passado, que se trata de um esquema envolvendo mais pessoas em outros estados.

Ele disse que tem influência em todos os centros universitários em Jundiaí, em São Paulo, em Goiás, no Mato Grosso, no Rio de Janeiro"
Denunciante que comprou diploma de ensino médio

"Ele disse que tem influência em todos os centros universitários em Jundiaí, em São Paulo, em Goiás, no Mato Grosso, no Rio de Janeiro", relata o denunciante.

O diploma foi emitido no dia 30 de junho de 2014 pelo Centro Educacional Pódio - instituição que oferece formação de ensino fundamental e médio, presencial e à distância - localizado no Centro Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio de Janeiro, desde 2011.

No certificado estão todas as notas do suposto aluno e o documento foi registrado no Diário Oficial do Estado do RJ. Atualmente, o curso está com as publicações suspensas, de acordo com a Secretaria de Educação do RJ.

Diploma falso emitido por curso no Rio de Janeiro tinha notas e autenticação (Foto: Reprodução / EPTV)
Diploma falso emitido por curso no Rio de Janeiro tinha notas e autenticação (Foto: Reprodução / EPTV)

Diploma verdadeiro
O diploma do denunciante era de curso supletivo à distância, com duração de três semestres. O aluno deveria fazer provas presenciais, mas o denunciante informou à EPTV que nunca esteve em Nova Iguaçu. Por telefone, em ligação gravada pela produção da reportagem, a escola confirmou que o documento tem validade como se o aluno tivesse feito o curso.

"(Produtora) Eu só estou ligando para ver o cadastro certinho, se ele realmente foi aluno de vocês. Você pode por favor checar pra mim? (Atendente do curso Pódio) É aluno sim".

O documento é autêntico da escola. Eu sou um colégio credenciado pelo Conselho Estadual de Educação do Estado do RJ"
Luiz Eduardo dos Santos, gerente do curso Pódio , em Nova Iguaçu (RJ)

O gerente educacional da unidade, Luiz Eduardo dos Santos, confirmou que o diploma foi emitido no curso, que é verdadeiro e garantiu que não há irregularidade na emissão do certificado.

"O documento é autêntico da escola. Eu sou um colégio credenciado pelo Conselho Estadual de Educação do Estado do RJ, eu tenho essa autorização. Se eu tivesse qualquer tipo de irregularidade, o Conselho Estadual já teria me tirado esse direito", explica o gerente.

Curso denunciado e com publicações suspensas
Segundo o subsecretário do Conselho de Educação do RJ, Nicolau Feichas, há outras denúncias contra o curso Pódio. "Há várias denúncias contra essa escola. Cerca de 800 processos já tramitam na Secretaria de Educação quanto a isso", afirma o subsecretário.

Curso Pódio, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução / EPTV)
Curso Pódio, em Nova Iguaçu, teve publicações no
D. O. suspensas (Foto: Reprodução / EPTV)

Por nota enviada à EPTV, a Secretaria Estadual de Educação informou que suspendeu novas publicações da escola de Nova Iguaçu no Diário Oficial. Desde março deste ano, os alunos do Centro Educacional Pódio não conseguem o certificado de conclusão do ensino médio.

A Secretaria também disse que espera desde novembro de 2014 por uma resposta a uma consulta feita ao Conselho Estadual de Educação sobre como proceder em relação às denúncias, mas não teve retorno.

O subsecretário do conselho disse que a entidade decidirá, em breve, se renova ou não a licença da escola.

"Provavelmente na próxima semana haverá a visita de uma comissão verificadora das condições hoje em funcionamento de escola para que, em mais algumas semanas, o conselho possa se pronunciar quanto à renovação ou não dessa autorização".

Há várias denúncias contra essa escola. Cerca de 800 processos já tramitam na Secretaria de Educação"
Nicolau Feichas, subsecretário do Conselho de Educação do RJ

O fechamento da escola depende da comprovação de suspeitas de fraude por parte da Secretaria de Educação. "Enquanto não houver a prova conclusiva da denúncia, da fraude ou da ilicitude, a escola está funcionando corretamente", explica o subsecretário do conselho.

Diploma por R$ 1 mil
O homem disse não ter tido dificuldade para conseguir o documento falsificado com Ezequiel Silva. O valor foi acertado durante a conversa, no mesmo dia: R$ 1 mil pago adiantado para o vice-diretor.

"Eu falei pra ele: Olha, eu estou precisando de um diploma urgente que eu tenho um cargo, né, público. Então eu estou precisando desse diploma para conseguir entrar nesse cargo. Você tem como me arrumar? Ele foi muito pronto a estar me auxiliando para conseguir", conta o denunciante.

O certificado, no entanto, demorou um mês e meio para ser emitido, segundo o homem.

"Ele estava tentando o máximo, só que ele não podia me entregar porque ele precisa esperar uma quantidade de pessoas para poder registrar isso no Diário Oficial. Eu fui até o carro dele, nisso ele já me deu um envelope, estava o certificado e falou: Agora eu tenho que ir", relata o homem.

Documentos foram apreendidos na casa do vice-diretor da escola de Santo Antônio de Posse (Foto: Reprodução / EPTV)
Documentos foram apreendidos na casa do
vice-diretor da escola  (Foto: Reprodução / EPTV)

Documentos apreendidos
O Ministério Público de Jaguariúna (SP), responsável também pela cidade de Santo Antônio de Posse, e a Polícia Civil apreenderam computadores, documentos e certificados na casa de Ezequiel e também na escola estadual nesta quinta (22).

Os materiais apreendidos foram levados para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Mogi Guaçu (SP), que vai apurar o caso, e vão passar por perícia. O laudo deverá ser concluído em 30 dias e vai indicar quem será indiciado no caso.

Segundo o delegado de Santo Antônio de Posse Anderson de Lima, que acompanhou a operação, existe pendente na DIG de Mogi Guaçu um inquérito policial sobre os fatos, instaurado há quatro meses, e outras denúncias sobre o caso foram recebidas pela polícia.

"Nós recebemos denúncias anônimas durante todo o dia [22 de outubro] relacionadas a diversos fatos. Todas estão registradas e todas serão investigadas oportunamente", afirma o delegado.

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Fonte: G1


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