30/06/2014 - 12:10h
“Quanto mais entendemos da genética, da biologia e das doenças, mais os tipos de medicações específicas para grupos de pacientes vão existir. Quanto mais estudamos e entendemos as causas das doenças, mais sabemos que isso é puramente genético. E não só as causas das doenças, mas também a resposta aos medicamentos”, destacou o ex-aluno do curso de Medicina do Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO) Fabio Pereira Nunes durante a conferência sobre tratamentos baseados em genética ministrada no dia 25 de junho para estudantes e profissionais da área da saúde. Com o tema “Desenvolvendo Medicações na Era dos Tratamentos Personalizados” o profissional, que hoje trabalha na Indiana University School of Medicine e na Eli Lilly and Company, em Indianápolis (EUA), falou sobre sua trajetória na área da genética e da farmacogenômica e sua visão sobre o desenvolvimento de terapias personalizadas e a criação de novos medicamentos.
Formado em dezembro de 2000, Fabio explica que o convite para voltar ao UNIFESO surgiu através do professor Mauro Geller, das disciplinas Imunologia e Microbiologia, seu mentor durante o curso. “Comecei como monitor do professor Mauro no terceiro período da faculdade. Passei mais ou menos cinco anos trabalhando ao lado dele, com publicação de artigos e resumos de literatura. Desta parceria acabamos montando uma clínica no Rio de Janeiro para pacientes com neurofibromatose – que é uma doença genética”, contou Fabio, agradecendo a oportunidade de conversar com os futuros colegas de profissão. “É uma honra voltar à faculdade onde me formei e que me preparou para eu realmente crescer e avançar na minha carreira; é um prazer dar uma palestra sobre o trabalho que estou realizando lá fora para os atuais alunos”.
Seguindo seus estudos sobre a neurofibromatose, Fabio teve a oportunidade de ir para Harvard, em Massachusetts (EUA). “Passei cinco anos em Harvard: um ano e meio no pós-doutorado e os outros como professor”. Fabio conta que deixou a universidade para fazer Residência em Clínica Médica, depois umfellowship (especialização) em Genética Clínica e, em seguida, um Mestrado em Pesquisa Clínica e Transacional. “Ao final do mestrado mudei para a companhia farmacêutica Eli Lilly, onde estou há dois anos trabalhando na parte de genética e farmacogenômica”, relatou o ex-aluno.
“Tive a satisfação de conhecer o Fabio na Microbiologia e na Imunologia e a oportunidade de acompanhar todo o seu desenvolvimento, sua ida para Harvard, sua pós, sua transformação como professor. Isso nos mostra como é possível alcançar os ideais com muito esforço e trabalho e também com o incentivo da família. Neste caso, a família que ele constituiu e a família que o formou, que está representada aqui por um professor da nossa Instituição, Carlos Pereira Nunes. Nós não estamos falando apenas de uma conquista que terminou, é uma conquista que ainda está em prosseguimento”, afirmou o professor Mauro Geller, declarando seu orgulho pelas conquistas de seu ex-aluno. E foi sobre orgulho que o professor falou na abertura da conferência. “Em um momento em que estamos acompanhando a seleção brasileira de futebol, percebo um sentimento de orgulho. Orgulho de ser brasileiro. Vermos o Brasil ganhar no futebol é uma satisfação, mas com isso nós já estamos acostumados. Hoje nós estamos aprimorando o orgulho. O orgulho de ver que o Brasil pode vencer em outras áreas. A área cientifica é uma que enobrece o país. É um orgulho para vocês como estudantes terem um exemplo concreto de um ex-aluno mostrando que o seu empenho cativa o alcance de patamares elevados, e esses níveis foram muito rápidos. Então, se a gente fala hoje do Neymar, nós temos um Neymar aqui na nossa faculdade”, compara Geller.
Pedro Henrique Martins de Oliveira, estudante do quarto período do curso de Medicina e Presidente do Diretório Acadêmico Hamilton Almeida de Souza (DAHAS) também demonstrou sua satisfação em ver o grande sucesso de alguém formado pelo UNIFESO. “É muito enriquecedor ver uma pessoa formada na mesma casa em que estamos estudando chegar tão longe. Isso serve de motivação para corrermos cada vez mais atrás. Acredito que através do diretório acadêmico vamos poder manter contato com ele e usufruir de alguma maneira de tudo que ele puder oferecer na área de pesquisa científica, que ainda é deficitária em nosso país”, afirmou.
Quem também assistiu a conferência foi a farmacêutica do Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino Ottaviano (HCTCO) Luiza Fernandes Marcellos. “Como sou da área, trabalho com medicamentos, fui atraída pelo assunto que está sendo cada vez mais abordado e está sempre em mudanças. Eventos como este nos ajudam a ficar sempre atualizados”.
Ainda no dia 25, à noite, Fabio Nunes ministrou a conferência também para estudantes e profissionais da saúde no Campus Quinta do Paraíso do UNIFESO.