18/08/2016 - 18:00h
A conquista na vela faz o país finalmente superar o número de títulos de Londres-2012, quando havia conquistado três primeiras colocações. O ouro de Martine e Kahena se soma aos de Rafaela Silva (judô), Thiago Braz (salto com vara) e Robson Conceição (boxe), que já haviam subido no alto do pódio olímpico no Rio de Janeiro. O Brasil, no entanto, ainda segue longe da meta para a Olimpíada, que era entrar no top 10 do total de medalhas – hoje tem 13, contra 17 da Coreia do Sul, décima colocada no momento.
Martine e Kahena, que fizeram a sua parte, só têm a comemorar. As duas chegaram como favoritas ao ouro e souberam lidar com a pressão em uma classe muito disputada até o fim. Nas 12 primeiras rodadas, as brasileiras tiveram como pior desempenho um 11º lugar, foram premiadas pela regularidade e chegaram à regata da medalha empatadas na primeira colocação com as embarcações de Espanha e Dinamarca.
A disputa desta quinta, portanto, era fundamental. Com pontuação valendo em dobro e só dez barcos na Baía de Guanabara, Martine Grael e Kahena Kunze conseguiram se manter à frente das rivais desde o começo da prova, ultrapassaram as neozelandesas ao contornar a quinta marca e conquistaram o ouro.
A conquista é a cereja do bolo para a dupla, que se conhece desde a adolescência e se juntou no começo do atual ciclo olímpico para uma campanha memorável rumo ao Rio. Em uma classe nova, como a 49er FX, elas se destacaram das demais desde o começo da parceria e chegaram à Olimpíada com um histórico de 25 pódios em 33 competições disputadas.
O ponto alto dessa história foi em 2014, quando elas conquistaram o Mundial de vela em Santander, na Espanha, e levaram o título de melhores atletas do ano pela federação internacional do esporte. Dois anos depois, o favoritismo se confirma justamente na cidade em que as duas vivem e treinam e poderá ser comemorado com toda a família reunida.
Martine conquistou a oitava medalha para a família Grael, a mais tradicional da vela brasileira. O tio, Lars, tem dois bronzes em 1988 e 1996, enquanto o pai, Torben, soma cinco medalhas, sendo duas de ouro, entre 1984 e 2004. Kahena também é filha de um ex-velejador: Claudio Kunze, campeão mundial da classe Pinguim nos anos 1970. Hoje, porém, a glória é só das herdeiras, que alcançam, com méritos, seu lugar próprio no Olimpo.
As duas já são herdeiras de dinastias familiares. Kahena é filha de Claudio Kunze, campeão mundial da classe Pinguim nos anos 70. A história de Martine é ainda mais rica, com tios-avôs tricampeões mundias (os gêmios Erik e Axel Schmidt), um tio com duas medalhas olímpicas (Lars Grael) e um pai com cinco medalhas e dois títulos olímpicos (Torben Grael).
Mas a dupla, após os Jogos do Rio de Janeiro, superou a família. Hoje, elas são herdeiras não só dos Kunze ou dos Grael. Mas de toda a modalidade por aqui. Robert Scheidt, outro dono de cinco medalhas no Jogos, já avisou que não deve estar em Tóquio-2020. Fernanda Oliveira, bronze na classe 470 feminina, já tem 35 anos. Isabel Swan, que foi sua proeira em 2008, tem 32. Os três são dúvidas para o próximo ciclo olímpico. Martine e Kahena devem, então, liderar uma nova geração da vela nacional. E uma medalha em sua primeira olimpíada é uma boa forma de começar esse processo.
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