Mudar é preciso - ! ou não ?
História, Filosofia e Gestão Escolar
Data 08/11/2010
Mudar de casa, cidade, país... Mudar de profissão, estado civil... Mudar projetos de vida, mudar de opinião ... Quem nunca mudou que atire a primeira pedra. Ou não. Porque mudar é bom. Ou não ?
As pessoas não mudam por acaso. Mudam por necessidade (quando percebemos que algo na vida não está lá dando muito certo) ou por desejo (quando buscamos resultados melhores,mesmo que os atuias estejam sendo bons). Mudar, portanto, é próprio do ser humano, pois as necessidades e os desejos nos acompanham sempre. Será ?
Uma das características mais acentuadas do tempo em que vivemos é a velocidade das mudanças. São tantas, em tantas áreas, que os historiadores chegam a dizer que não estamos numa “época de mudança”, mas sim em uma “mudança de época” (lembram-se da Renascença ou da Revolução Industrial?). As tecnologias, como o celular e a internet, compõem o principal motor desse fenômeno, mas há outras coisas também, como o volume (em excesso !) de informação e a multiplicidade de opções para tudo.
Mudar ou não mudar : eis a questão !
Raul Seixas foi profético ao dizer que preferia ser uma “metamorfose ambulante” a “ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. Somos estimulados a essa metamorfose para acompanhar as mudanças do mundo. A estagnação, hoje em dia, paga pedágio dobrado.
Porém, além de “metamorfoses” somos também “paradoxos ambulantes”. Em nossas decisões de mudança há sempre alguma contradição. Por exemplo: o principal motivo que nos obriga a mudar é a manutenção de um status. Preciso mudar para continuar competitivo, para manter meu saber e cultura em dia, meu lugar conquistado no mundo, etc. Ou seja, mudo para, em determinada dose, continuar o mesmo.
Outra contradição que carregamos : andam juntas a necessidade de mudar e a preferência por “deixar como está”. “Seria tão bom se tudo ficasse quieto, confortável e seguro...”. Esse sentimento existe porque qualquer mudança pressupõe movimento, gasto de energia, perigo – e são justamente essas características que a parte mais primitiva de nosso cérebro está programada para evitar. O racional entende que a mudança precisa acontecer, mas o emocional precisa ser convencido e, mesmo assim, reluta. É duro sair da zona de conforto, que é confortável principalmente porque é conhecida.
Nada do que foi será...
Não temos alternativa. Devemos viver com nossos dois eus interiores – o que quer mudar e o que quer permanecer. Apesar de ser um assunto da pós-modernidade, ele não é novo. Heráclito, pensador grego, há mais de 25 séculos já vivia angustiado com a velocidade das mudanças. “Tudo flui”, dizia ele. “Você não pode banhar-se duas vezes no mesmo rio”, pois na segunda vez o rio já não será o mesmo; aquela água já se foi e esta é outra. A lição de Heráclito é que devemos estar preparados para o novo, que sempre vem.
Talvez não precisemos ser metamorfoses ambulantes, mas não podemos ter a velha opinião formada sobre tudo, imutável, irremovível, pétrea. Não podemos viver sempre distraídos, imaginando que tudo será como sempre foi. As mudanças podem ser traumáticas ou amigáveis, isso vai depender da relação que construímos com elas e da expectativa que temos do seu resultado.
Ninguém gosta de mudar para pior. Ou mudamos por conta própria, e sempre para melhor, ou as mudanças acontecerão à nossa revelia – e nesse caso, já não teremos garantia de que será para melhor.
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Marcos Sérgio da Silva - História, Filosofia e Gestão Escolar
Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia, Tecnólogo em Marketing e pós-graduado em Gestão Universitária. Diretor Administrativo do Centro Universitário Salesiano de 2000-2005. Secretário Municipal da Infância, Juventude e Cidadania de Lorena (2004-2005), Diretor da ONG PROVIM (Programa Vida Melhor), ligada à Rede Salesiana de Ação Social. Atualmente é diretor do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora (Oratório) na cidade de Cruzeiro, SP. Membro do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Conselho Municipal de Educação.
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