Sem o questionamento do sofrimento que mutila o cotidiano, a capacidade de autonomia e a subjetividade dos homens, a política, inclusive a revolucionária, torna-se mera abstração e instrumentalização (Pierre Bourdieu)
Acabo de terminar as matérias teóricas de um curso de especialização na UFRJ, na área de Educação, em que discutimos políticas públicas, gestão democráticas, e projetos socioculturais em espaços escolares durante o período de um ano.
Foram discussões ricas, acaloradas, com conhecimento de causa. Muitos dos meus colegas da rede pública tanto estadual quanto municipal trabalhavam na mesma área que eu, no Complexo da Maré.
Dentre professores e gestores e outros profissionais ligados direta ou indiretamente à Educação percebíamos discursos diversos, mas com uma preocupação em comum: a qualidade do ensino e da nossa Educação propriamente dita.
Nesse período conturbado de greves, ocupações por UPP da nossa área e todo o movimento político que a Educação está enfrentando, com os choques entre professores e PM nas ruas, falta de diálogo entre a classe e secretarias muito foi relatado nas aulas. A catarse era feita e aproveitávamos os argumentos para estudar as questões enquanto latentes e vividas na nossa carne.
Assim deveria ser toda arena de debates formada pelos educadores por todo país, extensivo aos debates nas agendas políticas também que planejem e repensem suas gestões educacionais. Em todas as esferas, em todas as entidades federativas, por toda a Academia e Escola.
Muitos não entenderam o propósito pedagógico dessa prática. Muitos acharam que não aproveitaram quase nada do processo. Acredito que seja um grande engano, pois nenhum de nós, por mais desatento que fosse passou ileso pelo período em que estivemos nessa mesa redonda intensa com trabalhos recheados de leituras profundas, de autores importantes da literatura específica de cada disciplina e reflexões que nos foram avaliadas com muito rigor.
Se por um lado deixavam-nos expressar nossas angústias perante nossos cotidianos escolares e dificuldades perante às políticas públicas das administrações de cada rede, fomos aproveitados para uma espécie de laboratório salutar e com a matéria-prima de nossas vivências introduziam-se conceitos que deveriam ser abordados, e de alguma forma o objetivo era atingido.
Problemas todos os cursos, em qualquer pós graduação, em qualquer universidade e nível escolar encontraremos, mas o que é importante é o crescimento com o processo final.
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