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Baixo rendimento escolar pode ter origem orgânica

02/03/2015 - 08:01h


Capacidade de concentração, compreensão da leitura e domínio da escrita são requisitos para o sucesso

O início das aulas, para a maioria das crianças, resume-se em animação. Mas, este não é um aspecto que predomina no universo infantil. Por isso é preciso atenção dos pais e Professores com alguns sintomas, como a rejeição da escola e o medo de frequentá-la. Estes fatores podem ser um sinal da dificuldade de aprendizagem.

Em primeiro lugar, explica a orientadora educacional - Villa Campus de Educação, Keila Parente, é importante diferenciar "dificuldades de aprendizagem" de "transtornos de aprendizagem".

"As dificuldades no processo da aprendizagem podem acontecer em função de diversos fatores que envolvem desde o estudante até a família e escola, como por exemplo: inadequação dos métodos de estudo, falta do hábito de estudar, ausência ou inadequação de supervisão familiar em relação ao jovem e seus estudos, perdas emocionais e até sono irregular" , explica Keila.

Por outro lado, o chamado "transtorno de aprendizagem" diz respeito aos distúrbios em funções cognitivas ou na aquisição de habilidades esperadas no desenvolvimento da criança.

"Em geral, estão relacionadas a falhas em áreas cerebrais ou no processamento cerebral, e, portanto, podem afetar aspectos da coordenação motora fina e do processamento léxico. Um exemplo de transtornos são a dislexia, a discalculia e a disgrafia", completa.

Fatores e sintomas

Quanto aos fatores que podem influenciar no problema estão os biológicos, como questões neurológicas, oriundas desde a gestação; e os psicológicos e sociais, como problemas familiares, é o que afirma a psicopedagoga e musicoterapeuta do Espaço Holos, Nadja Pinho.

É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos, também, para os sintomas.

De acordo com Nadja, tanto os pais quanto os professores precisam atentar-se para fatos, como, a rejeição da escola. Além disso, a lentidão no desenvolvimento motriz, como por exemplo, para amarrar o sapato, podem ser sinais da dificuldade de aprendizagem.

"Outro ponto seria a dificuldades para se expressar oralmente e identificar rimas e sons nas palavras" , disse a psicopedagoga.

Diagnóstico

A orientadora educacional Keila Parente explica que até o 2º ano do ensino fundamental I, os alunos estão em processo de aquisição da leitura e escrita, por esta razão, o diagnóstico mais preciso surge a partir do 2º ano, após dois anos do aprendizado da leitura.

É o que reforça a psicopedagoga Nadja Pinho. Ela explica que nesta época a criança conhece letras, fonemas e passa a reconhecer e, se for o caso, não adquirir o conhecimento.

Para ajudar, o importante de acordo com Keila, é a observação e o acompanhamento dos adultos em relação a crianças e jovens, independente de serem familiares. Estes pontos são fundamentais para identificação de qualquer necessidade da criança de apoio.

"A comunicação constante entre os pais e educadores sobre o processo de desenvolvimento possibilita que, mais cedo, sejam identificadas dificuldades de aprendizagem ou necessidades de intervenção diferenciada" , reforça a orientadora.

Ela completa afirmando que "o olhar cuidadoso do especialista permite compreender o funcionamento cognitivo da criança e identificar se trata-se de dificuldade ou transtorno de aprendizagem, e, se for o caso, que transtorno específico existe".

Ambas concordam sobre a procura de escolas especiais para que os filhos superem as dificuldades. Segundo elas, a criança deve ser recebida em uma escola regular, pois, este ambiente deve contemplar as necessidades e especificidades de todos, e, portanto, caminhar na perspectiva da educação inclusiva promovendo a inserção desses alunos.

Pisa

A cada três anos é realizado em todo mundo o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa - sigla em inglês).

A prova, segundo o site do Inep, "procura verificar até que ponto as escolas de cada país participante estão preparando seus jovens para exercer o papel de cidadãos na sociedade contemporânea".

Os resultados de 2012, entretanto, mostram que o aluno brasileiro exibe dificuldades em diversas disciplinas. Na média de matemática, por exemplo, o país ocupou a 58ª posição no ranking de 65 economias globais.

Neste ano, o foco será em Ciências além da inclusão de Competência Financeira e Resolução Colaborativa de Problemas.

Dislexia e TDAH podem interferir

Vários são os problemas que podem atrapalhar o aprendizado ou rendimento escolar das crianças. Por isso, os pais devem ficar atentos ao comportamento dos pequenos.

Questões a serem observadoas: seu filho não consegue se concentrar Tem dificuldade na codificação dos sons Não compreende a escrita como deveria

Antes de repreender a criança por aquela nota vermelha, analise bem de perto a postura dele. Ele pode ter dislexia, TDAH, distúrbio do processamento auditivo, ou não gostar de estudar.

Observação

"Conversar com os professores, observar o comportamento da criança com os colegas, analisar se ela não está contente na sala de aula", explica o neurocientista do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul, Augusto Buchweitz.

O diagnóstico do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é feito com base em testes, não na base do 'achismo'.

A doença deve ser tratada de forma multidisciplinar.

Os medicamentos agem aumentando a quantidade da dopamina. O remédio amplia os sinais que ativam a atenção.

Usar ou não medicamentos no tratamento do TDAH é uma decisão a ser tomada entre médico e paciente/responsáveis. O uso do cloridrato de metilfenidato traz benefícios, mas também provoca efeitos colaterais. Entretanto, no caso desse transtorno, os remédios ajudam mais que atrapalham, explica o psiquiatra Daniel Barros.

Dificuldades

As pessoas disléxicas têm dificuldade para associar o símbolo gráfico (letras) com o som que elas representam, e organizá-los, mentalmente, em uma sequência temporal.

O disléxico tem as capacidades cognitivas normais, mas não consegue desenvolver a leitura de maneira fluente. "A dislexia só pode ser diagnosticada após dois anos de instrução formal, ou seja, por volta de 8 anos", orienta Augusto Buchweitz.

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito o quanto antes para ajudar o disléxico no processo de aprendizagem.

Entre os tratamentos estão: procurar um fonoaudiólogo, permitir que o disléxico faça prova oral, utilizar livros em áudio ou vídeo e estudar junto com o filho.

Outros distúrbios aparecem com certa frequência em disléxicos. Entre eles a discalculia (dificuldade em entender o senso numérico), disgrafia (problemas com a grafia) e a dislalia (distúrbio da fala).

Discalculia

Outro problema que pode interferir no aprendizado é a discalculia - dificuldade para cálculos e números.

Os portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou fazer comparações ou entender sequências lógicas. Esse problema é um dos mais sérios e ainda pouco conhecido.

*Da redação e agências



Fonte: Uol


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