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De SP aos EUA, alunos de escola pública viajam pelas raízes negras

18/04/2014 - 17:01h

Apesar da grande presença negra na escola municipal Vereador Antonio Sampaio, os alunos reclamavam de racismo no ambiente escolar. Foi após uma conversa com jovens do ensino fundamental e médio sobre preconceito que o Professor Luiz Fernando Costa começou a trabalhar identidade e cultura africana.

O que começou com as aulas de informática tornou-se um Intercâmbio cultural com estudantes negros dos Estados Unidos. Desde setembro, dez estudantes de 15 a 17 anos da zona norte de São Paulo e outros oito alunos norte-americanos fazem parte do projeto "Uma Jornada pela Diáspora Africana" (em tradução livre), parceria entre o Consulado dos EUA, o Museu Afro-Americano Prince George o o Museu Afro Brasil.

A jornada dos brasileiros inclui aulas de história da África, cultura africana, cultura norte-americana e de inglês. Nos EUA, os jovens estudavam além da história africana, cultura brasileira e português. 

Em busca das raízes negras, os estudantes passaram a conhecer melhor a cidade de São Paulo, seu país e eles mesmos. "Antes eu achava que ser negro era só uma cor de pele. Hoje eu sei que há uma história, há uma cultura específica e até palavras do português que têm essa origem. Hoje eu tenho orgulho de ser negra", conta a brasileira Valéria dos Santos Rodrigues, 15. 

Na escola, as coisas também melhoraram. Valéria conta que em outras aulas orienta os colegas quando falam alguma coisa preconceituosa e acha que o racismo diminuiu. 

Para a brasileira Alexandra da Silva, 16, a praça da Liberdade, no centro da capital, foi uma grande descoberta. "A gente fala sempre da imigração japonesa para São Paulo, acha que aquele é um lugar de orientais, mas lá era a praça em que eram enforcados os escravos. Temos nossa história lá."

Mais similaridades que diferenças

Os jovens norte-americanos passaram esta semana no Brasil. Em maio, será a vez dos brasileiros conhecerem Maryland e a cultura de seus colegas. Na troca de experiências e histórias de descendentes da escravidão negra, os jovens encontram mais similaridades que diferenças.

"Não sabia da importância que a escravidão tinha tido aqui no Brasil também. A forma pode ter sido diferente, mas acho que temos muito em comum na cultura, na música e nas artes", diz a estudante norte-americana Naima Shaw, 16, que já pensa no que vai mostrar nos EUA aos colegas de São Paulo. 

Em uma mistura de inglês, gestos e português, os adolescentes brasileiros e americanos se entendem nas risadas e na vontade de divulgar os novos conhecimentos.

"Tudo que estou aprendendo conto para meus pais, meus amigos, meus vizinhos, para todo mundo que eu encontro. Precisamos aprender mais sobre a cultura africana", afirma a jovem dos EUA Bryanna Rather, 16.



Fonte: Uol


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