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Denúncias de abusos obrigam USP a 'repensar políticas e práticas', diz reitor

04/03/2015 - 15:01h

O reitor da USP Marco Antonio Zago em vídeo direcionado aos novos alunos da universidade (Foto: Divulgação/USP)
O reitor da USP, Marco Antonio Zago, em vídeo de boas vindas ao novo ano letivo da universidade
(Foto: Divulgação/USP)

O reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, afirmou, nesta quarta-feir (4), que trote é uma das "tradições ultrapassadas" que "não fazem parte da vida de uma universidade moderna". Em um vídeo de boas vindas ao início do ano acadêmico de 2015, Zago falou sobre os planos da Reitoria para mudanças na graduação, discussões sobre o Estatuto da universidade e cortes de gastos com "redundâncias" e "trâmite desnecessário de papeis".

O Professor também abordou as questões relacionadas às violações aos direitos humanos, afirmando que as denúncias obrigam a USP a "repensar políticas e práticas educativas, e a promover um trabalho de reconstrução que deve ser feito em conjunto pelas diferentes instâncias da universidade".

O processo democrático para resolver essas questões "se caracteriza pela busca de convencimento por meio do argumento, a rejeição à violência e o respeito às decisões tomadas segundo regras válidas e reconhecidas", disse Zago. "Contrário a ele estão a coerção, o constrangimento, a incapacidade de discutir com maturidade e a aplicação de força física para sustentar posições."

Leia abaixo trechos da mensagem do reitor:

Trotes
Tradições ultrapassadas, como trote e humilhação dos calouros, ou desrespeito à diversidade de gênero e identidade, não fazem parte da vida de uma universidade moderna. Tenho certeza de que os alunos veteranos vão se integrar nas atividades que a universidade e a Pró-Reitoria de Graduação organizaram para receber os novos membros da nossa comunidade acadêmica. Também ajudarão a erradicar práticas que desrespeitam os direitos individuais, onde ainda houver resquícios delas.

Festas com consumo de grande quantidade de álcool e outros estimulantes não fazem parte da vida acadêmica sadia. Já o esporte e as atividades culturais são importantes fatores de integração e serão promovidos e apoiados pela Reitoria.

Conflitos e polêmicas
A USP é a maior universidade pública do Brasil, e a de maior prestígio no mundo iberoamericano. Essa liderança se deve à qualidade de seus docentes, estudantes e servidores. Apesar disso, como qualquer instituição viva, pode atravessar vicissitudes [contratempos] e períodos de conflitos e polêmicas que não são estranhos à vida universitária.

O que caracteriza uma entidade democrática, como deve ser a universidade, não é a ausência de controvérsia, e sim, a maneira com a qual é resolvida, com respeito à diversidade de opinião.

O processo democrático se caracteriza pela busca de convencimento por meio do argumento, a rejeição à violência e o respeito às decisões tomadas segundo regras válidas e reconhecidas.

Contrário a ele estão a coerção, o constrangimento, a incapacidade de discutir com maturidade e a aplicação de força física para sustentar posições.

Desrespeito a diretos humanos
No final de 2014, surgiram denúncias públicas sobre desrespeito a direitos humanos na USP. Sobre fatos ocorridos no passado. Em alguns casos, há mais de dez anos. Determinei procedimentos administrativos para examinar ou reexaminar os casos apontados ou denunciados.

Também deleguei à Comissão de Direitos Humanos da USP o papel de supervisora da condução do processo de mediação entre vítimas ou denunciantes, e administração universitária.

Dessa forma, procuramos tomar medidas práticas para corrigir e prevenir que fatos como os relatados se repitam no futuro.

Quero manifestar meu profundo pesar pela ocorrência de atos dessa natureza na nossa universidade. Manifesto também a convicção de que isso nos obriga a repensar políticas e práticas educativas, e a promover um trabalho de reconstrução que deve ser feito em conjunto pelas diferentes instâncias da universidade.

Reforma estatutária e graduação
Neste início de 2015, a administração central está comprometida com um conjunto de ações que terão impacto na vida da universidade.

O debate sobre o Estatudo da USP, já iniciado, continuará e deverá chegar à votação.

O fortalecimento do ensino de graduação continua prioritário, e se desdobra em medidas para promover o aprimoramento didático dos Professores da USP e aumentar o conteúdo digital dos cursos.

O processo se estende à revisão da carreira Docente e de seu regime de trabalho. A simplificação da burocracia das decisões, a implantação de modificações de currículos e disciplinas, e, ainda, a ênfase na comunicação em língua estrangeira.

Reforma administrativa
Este será também o ano de uma grande reforma administrativa, para racionalizar processos, compartilhar atividades entre diferentes setores e unidades, fortalecer procedimentos digitais,
abolir redundâncias e evitar o trâmite desnecessário de papeis.

Essas iniciativas somente se concretizarão com a participação de todos: estudantes, professores e servidores.

Sua execução exigirá, também, diálogo permanente entre a administração central e as unidades de ensino e pesquisa, entre os diferentes setores da universidade, e entre as diferentes categorias

Neste aspecto, reitero a necessidade de consolidar o papel do Conselho Universitário como centro de negociações e decisões da universidade.



Fonte: G1


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