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Renda sobe e desemprego recua na Grande Porto Alegre

22/12/2013 - 06:22h

Se Porto Alegre fosse um país teria uma das menores taxas de desemprego do mundo. Um mercado com mais vagas com carteira de trabalho assinada e pequena quantidade de trabalhadores que vem de outros Estados disputar postos levaram a cidade a registrar desocupação de 2,6% em novembro, a menor desde o início da série histórica e entre as capitais pesquisadas.

A tendência de queda no número de desempregados na Capital aparece também na pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – 6,2% no mês passado. A diferença nos resultados se dá por conta da metodologia usada pelas entidades. A renda dos trabalhadores também cresceu. O salário médio em Porto Alegre é de R$ 1.951,40, valor 8,9% maior em relação há um ano.

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Porém, a redução de desemprego aconteceu por conta da saída de trabalhadores do mercado, e não por criação de vagas. Em Porto Alegre, foram 50 mil pessoas nessa situação nos últimos 12 meses. Entre as explicações para o aumento do desinteresse pela busca de Emprego estão possíveis ajustes já feitos para trabalhos temporários a partir de dezembro, ou a própria alta do rendimento, que proporciona a jovens, mulheres e idosos não precisar mais trabalhar para complementar a renda familiar, avaliou o IBGE.

– Há dúvidas até onde o índice pode cair, mas há sinais de que há espaço para patamares ainda mais baixos. O número de domésticos, por exemplo, nunca foi tão baixo, e isso mostra que o mercado está tão aquecido que as empregadas estão migrando para vagas mais atraentes. Apesar de pequena queda no setor de construção civil, o segmento vai bem – explica Ana Paula Sperotto, estatística do Dieese.

O pesquisador Giácomo Balbinotto Neto, Professor de Economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), avalia que esse cenário tende a se manter no próximo ano com a conclusão de grandes obras viárias, mas ressalta que para manter o desemprego em níveis baixos será preciso atrair investimentos no futuro:

– É complicado ter uma taxa de ocupação apoiada na construção civil. É um setor sensível em que grande parte dos trabalhadores atua por empreitada. Se o mercado desaquece rapidamente, o emprego desaparece. É diferente da indústria, onde o empregado tem carteira assinada e o patrão pensa duas vezes antes de demitir.

Razões para o resultado

Por que a taxa de desemprego é mais baixa em Porto Alegre?
Um conjunto de fatores, entre os quais nível de escolaridade acima da média nacional e Mercado De Trabalho com mais vagas com carteira de trabalho assinada. O fato de Porto Alegre receber menos trabalhadores vindos de outras regiões do país, em comparação com outras metrópoles, como São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, também contribui.

A desistência de procurar vagas também pesa?
Sim. IBGE e Dieese usam metodologias diferentes para calcular o desemprego. Enquanto o IBGE conta pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos últimos 30 dias, o Dieese inclui quem realizou trabalhos ocasionais ou em ajuda a parentes e procurou vagas nos 30 dias anteriores. A existência do fenômeno conhecido como desalento (quem desistiu de procurar emprego devido a dificuldade ou demora de encontrar) é identificada pelo Dieese, mas esse contingente, segundo a pesquisa atual, está perto de zero.

O menor índice de natalidade das gaúchas influi?
Sim. Como os casais gaúchos são os que menos têm filhos no país, a população do Rio Grande do Sul cresce menos. Com a oferta de emprego estável e menos pessoas entrando no mercado de trabalho, a taxa de desemprego cai.

Ter desemprego baixo significa que toda a mão de obra disponível está qualificada?
Não. A oferta de emprego ocorre principalmente em setores que não exigem alta qualificação, como a construção civil. Como a demanda por trabalho está alta, as empresas contratam profissionais sem experiência e fazem treinamentos para prepará-los.

Como é possível ter taxas de desemprego tão baixas com crescimento tão pequeno?
Como é um cenário inédito no Brasil, especialistas encontram dificuldades para explicar o fenômeno. Uma das hipóteses está relacionada com o perfil etário da população, que está ficando mais velha. Assim, a oferta de trabalhadores cresce a taxas cada vez menores. Outra parte da explicação vem do aumento da demanda de mão de obra no setor de serviços, que tem crescido a taxas superiores à da indústria no país nos últimos anos.

Qual o perfil atual do desempregado?
A maioria na Região Metropolitana de Porto Alegre é formada por mulheres e jovens entre 16 e 24 anos.

No país, taxa com mínima histórica

A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas (Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife) voltou à mínima histórica um mês antes do fim de 2013, anunciou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Recuou de 5,2% em outubro para 4,6% em novembro, resultado só alcançado em dezembro de 2012, mês em que, tradicionalmente, se alcança o menor patamar do ano. Ao mesmo tempo, a renda média nos locais pesquisados subiu para o maior nível verificado desde o início da pesquisa, em março de 2002. Na passagem de outubro para novembro, a renda média saiu de R$ 1.927,48 para R$ 1.965,20, alta de 2%. De acordo com o economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani, a tendência deve reverter-se no início de 2014, e o retorno da população economicamente ativa a um padrão mais regular ocasionará um aumento gradual do desemprego em 2014. A empresa projeta taxa média de 5,4% em 2013 de 6% para o próximo ano.


Fonte: Zero Hora


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